“Verba para ciência sofre redução de 18% em 2009" (Folha de São Paulo, 22/01/2009)
Eu poderia discorrer acerca da importância da ciência para o desenvolvimento de uma nação por dezenas de linha, ou expôr argumentos em prol do investimento em C&T (Ciência & Tecnologia), porém serei breve e não demonstrarei, de forma completa, a minha indignação.
O autor desta ultrajante e ridícula – usarei apenas estes dois adjetivos, mas leiam nas entrelinhas todos os adjetivos semanticamente críticos, passíveis de serem atribuídos a esta situação – foi o deputado do PT-MS, Delcídio Amaral. O corte de 18% do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) equivale a R$ 1,1 bilhão. Isto pode afetar drasticamente o número de bolsistas ou até mesmo acarretar numa diminuição do valor das bolsas, que já são baixos.
Este corte se dá no sentido contrário ao que era esperado, visto que o país tem uma meta de aplicar 1,5% do PIB em C&T até 2010. Estamos em 2009, e apenas 1% do PIB é aplicado em C&T, e para piorar o cenário surgem propostas como esta. O recém-eleito presidente estadounidense, Barack Obama, apesar da crise financeira, se comprometeu em aumentar o investimento em C&T. Por outro lado, o Brasil, pouco afetado pela crise, deveria manter e até mesmo aumentar o investimento neste setor.
Pode-se tentar justificar este corte apontando para a necessidade de corte de gastos em alguns setores devido à crise financeira, mas Ciência não deveria fazer parte destes setores. Agora direi onde deveriam ser realizados tais cortes: para começar, no salários dos deputados federais/senadores. Hoje o Brasil conta com 81 senadores e 531 deputados federais. O salário médio deles é R$ 16 mil. Este salário absurdo, se fosse reduzido para R$ 10 mil, que também é exageradamente alto, já economizaria aos cofres públicos R$ 45 milhões. Se este salário fosse R$ 5000 reais, que é um salário coerente para um deputado, seriam poupados aos cofres públicos R$ 80 milhões de reais, que certamente poderiam ser a bolsa de mais de 3000 doutorandos.
Resta agora encontrar um setor para obter R$ 1 bilhão. Eu diria que seria viável estatizar todos os pedágios. Se os preços forem os mesmos praticados atualmente, e o governo arrecadar a mesma quantia que as concessionárias arrecadam, e este dinheiro fosse revertido para ciência, creio que o orçamento do MCT engordaria bastante, visto que as empresas que controlam os pedágios faturam mais que isto. Não continuarei a discorrer sobre os pedágios aqui neste post.
Porém, é evidente a existência de outros setores para se efetuar os cortes. Assim, não seria necessário efetuar cortes no orçamento de um ministério de importância vital para o desenvolvimento de qualquer nação e, digo isto despindo-me de quaisquer valores e desvencilhando-me de quaisquer idéias utópicas, da própria raça humana.