Há alguns dias estava em um desses lugares que fazem alinhamento e balanceamento de veículos, onde havia uma sala de espera. Esta sala de espera prossuía uma peculiaridade: havia um jogo de damas, o que atraiu minha atenção imediatamente. Esta foi uma idéia genial, colocar jogos de tabuleiro que desenvolvam a capacidade de raciocínio e distraiam os clientes enquanto o serviço é feito. Como meu pai vistoriava o serviço que era feito no carro, não pude jogar damas por falta de adversário.
Então, decidi ler revista. Não esperava encontrar nenhuma revista boa, apenas aquelas revistas patéticas típicas de salas de espera, no máximo esperava encontrar a Veja. Porém, contrariando todas as expectativas, a primeira revista que encontrei foi uma Carta Capital. Ao olhar as outras revistas deparei-me com uma Scientific American, uma Língua Portuguesa e outra Carta Capital. Estava surpreso com o achado de revistas de tamanha qualidade e conteúdo em um simples estabelecimento como aquele.
Inúmeros estabelecimentos que têm salas de esperas, tais como consultórios médicos e odontológicos, salões de cabeleireiros, etc, não possuem revistas de qualidade. Lembro-me quando fui num centro de oftalmologia e encontrei revistas tais como Caras, Cláudia, Boa Forma e Tititi. Duas destas (Boa Forma e Cláudia) se você empenhar-se a procurar algo bom você encontrará. Porém Caras e Tititi são ícones de ignorância e futilidade. Surpreende-me como pessoas conseguem lê-las, e ainda por cima pagam por elas.
Mas não estou aqui para discorrer acerca da qualidade de cada revista em particular. Quero apenas criticar todos os estabelecimentos que contribuem para o aumento da ignorância da população, como é o caso deste centro de oftalmologia.
Quando um Zé-Povim entra numa sala de espera, ou ele apreciará o ócio e saboreará o tédio enquanto espera, ou colocar-se-á a ler o que lhe for oferecido. A maioria das pessoas alternará entre os dois estados, com ênfase maior no primeiro. Porém, se por apenas alguns minutos Zé-Povim ler uma revista de conteúdo, a sala de espera terá cumprido sua função.
Em pesquisa recente, mostrou-se que apenas cerca de um quarto da população do estado de São Paulo sabia localizar o Brasil no mapa múndi [e depois criticam os americanos]. Alguns pensavam que a África era o Brasil, outros colocavam o Brasil em território de nossa compañero venezuelano Hugo Chávez ou de nossos eternos vizinhos e rivais argentinos, e muitos achavam que o Brasil era na terra do canguru. Resultados tão alarmantes como este poderiam ser evitados se houvesse um mapa múndi em uma destas salas de espera.
Por fim, quero apenas expressar minha insatisfação em relação ao nível cultural de meus compatriotas, e apresentar uma arma arma valiosíssima no combate à ignorância, contribuindo para a formação cultural de nossa população.
"O Super-homem é o sentido da Terra... Eu ensino-vos o Super-homem. O homem é algo que deve ultrapassar-se."