Por que o ano novo é em primeiro de janeiro?
Pode parecer uma pergunta trivial, mas poucas pessoas sabem a real razão. Por que a chegada do Ano Novo é celebrada em primeiro de janeiro (01/01)?
A maioria dos calendários foram construídos baseando-se em eventos astronômicos ou ritos religiosos. Não há nenhum evento astronômico especial em primeiro de janeiro. Então, por que esta data foi escolhida como referência?
Outra pergunta interessante está relacionada à nomenclatura dos meses: por que o ano começa em janeiro, sendo que os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro estão associados a números (veja os radicais dos nomes - setembro: 7, outubro: 8, novembro: 9, dezembro: 10) que não correspondem à real contagem destes meses (setembro: 9, outubro: 10, novembro: 11, dezembro: 12)? Por que não nomearam os meses de acordo com a data de referência do ano novo?
Para responder às perguntas anteriores, precisamos primeiro compreender o calendário romano anterior à época de Júlio César. Este calendário era lunar. Haviam 10 meses com nomes e dois meses não nomeados, que correspondem ao ápice do inverno, desfavorável à agricultura. Os dez meses com nomes são: martius (março), aprilis (abril), maius (maio), junius (junho), quintilis (julho), sextilis (agosto), september (setembro), october (outubro), november (novembro), e december (dezembro). Havia também um mês chamado intercalaris que tinha comprimento variável, que de tempos em tempos tinha sua duração alterada para adequar o calendário às estações do ano. Nesta época, o mês começava em primeiro de março. O nome do mês de março (martius) deve-se à divindade romana da guerra, Marte, e marcava o momento de retomar a guerra. O mês de abril (aprilis) está relacionada à deusa da beleza e do amor, Vênus, e tem origem no etrusco Apru. Maio (maius) significa "a grandiosa", e refere-se à deusa da primavera, filha de Fauno e esposa de Vulcano. Junho (junius) tem origem no culto à deusa Juno, a principal do Panteão Romano, divindade do casamento e do bem estar das mulheres, esposa (e irmã) do deus de todos os deuses, Júpiter. Os nomes dos meses subsequentes são simplesmente a identificação da ordem do mês no calendário, quintilis correspondendo ao quinto mês, e assim sucessivamente.
Os meses não nomeados de janeiro e fevereiro foram inseridos apenas no século VII a.C. pelo segundo rei de Roma, Numa Pontilius. O nome janeiro refere-se ao deus Janus, divindade associada às portas, frequentemente representada como duas faces voltadas a duas direções opostas. O mês de fevereiro deve seu nome ao antigo festival da purificação (Februa), praticado usualmente na metade deste mês.
O mensis intercalaris (mês intercalado) tinha em média 27 dias, e consistia na inserção de 22 dias após 23 ou 24 de fevereiro. Desta forma, quando o mês intercalado era inserido, o ano passava a ter duração de 377 ou 378 dias. Idealmente, um mês deveria ser intercalado a cada quatro anos, fazendo com que o ano tivesse duração média de 366,25 dias neste período. As intercalações eram responsabilidade dos pontífices, que frequentemente ocupavam cargos políticos. Desta forma, na prática, este mês intercalado não era corretamente incorporado ao calendário a fim de diminuir e/ou aumentar mandatos, uma vez que o mandato dos governantes correspondia a um ano, segundo o calendário. Após a Segunda Guerra Púnica (de 218 a 201 a.C.) e durante as guerras civis vários ciclos de meses intercalados foram omitidos, o que levou aos "anos de confusão" e a uma enorme discrepância entre as estações do ano e o calendário. Este efeito teve seu apogeu no governo de Júlio César, que foi quem iniciou a transição par o novo calendário.
Em 46 a.C. o calendário romano foi reformado. Júlio César, então ditador, consultou o astrônomo Sosígenes de Alexandria, e foi aconselhado a adotar um calendário solar (ano de 365,25 dias), como o faziam os egípcios. Desta forma, a partir de 46 a.C., o ano passou a ser iniciado em 1 de janeiro. Júlio César também decretou que a cada 4 anos um dia deveria ser adicionado ao mês de fevereiro, para corrigir os 0,25 dias de diferença entre o ano solar (365,25 dias) e o ano de 365 dias. Esta é a origem do calendário juliano, que foi usado por muito tempo, e ainda é usado por alguns.
Conforme dito anteriormente, em Roma o mandato dos governantes era de um ano. Após a instauração do calendário juliano, convencionou-se que o ano começava em 1 de janeiro. Alguns historiadores acreditam que esta convenção remonta a 153 a.C., e fora apenas absorvida pelo novo calendário, apesar de não haver consenso sobre a veracidade desta ideia.
Em 44 a.C. Júlio César mudou o nome do mês de quintilis (quinto) para Julius, em um ato de narcisismo. O mês sextilis (sexto) só fora mudado para agosto em homenagem ao imperador Augustus algum tempo depois.
Conforme dito anteriormente, em Roma o mandato dos governantes era de um ano. Após a instauração do calendário juliano, convencionou-se que o ano começava em 1 de janeiro. Alguns historiadores acreditam que esta convenção remonta a 153 a.C., e fora apenas absorvida pelo novo calendário, apesar de não haver consenso sobre a veracidade desta ideia.
Em 44 a.C. Júlio César mudou o nome do mês de quintilis (quinto) para Julius, em um ato de narcisismo. O mês sextilis (sexto) só fora mudado para agosto em homenagem ao imperador Augustus algum tempo depois.