sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sobre a Igreja Católica e o Casamento Gay


Nesta sexta-feira, 21 de dezembro de 2012, o papa Bento XVI em seu discurso natalino trouxe novamente à tona a questão do casamento gay, demonstrando a posição clara da igreja católica [Eu usaria iniciais maiúsculas se a respeitasse; não é o caso.]  contrária ao casamento gay. Comentarei aqui alguns de seus principais argumentos, refutarei alguns, e desprezarei ou debocharei dos que não forem dignos de refutação (estes são a maioria, mas acho importante esclarecer os argumentos aos que concordam com o Papa).

Começarei a argumentação voltando-me a outras espécies de animais. Em várias espécies a homossexualidade, bem como o incesto e a poligamia, são práticas comuns. Dentre os animais que praticam a homossexualidade estão: cisnes, patos, abutres, pinguins, bisões, golfinhos, orangotangos, chimpanzés, girafas, elefantes, macacos, leões, cabras, hienas, lagartos, ... (e a lista continua). Na espécie humana há evidências de que a homossexualidade esteja presente desde a Pré-História. Enquanto isto não pode ser totalmente confirmado, podemos nos contentar em saber que a homossexualidade esteve presente no mundo antigo. Não focarei nas raízes históricas do homossexualidade na espécie humana, uma vez que isto trará para esta discussão a questão da origem da homossexualidade (se se trata da escolha individual ou de diferenças genéticas, etc), e isto seria especulação, já que não existem evidências científicas para compreender a origem da homossexualidade. Independentemente de sua origem,  a homossexualidade existe há milênios, e está cada vez mais presente na sociedade, em parte devido à (aparente) evolução da sociedade que está (aparentemente) aprendendo a tolerar diferenças, em parte graças aos resultados da crescente militância de grupos de direitos humanos. Neste ponto fazemos a primeira constatação (óbvia e natural): a homossexualidade existe, gostem os homofóbicos e a igreja católica, ou não.

As origens do casamento parecem remontar à Idade Antiga, apesar dos escassos indícios. No entanto, os registros históricos mostram claramente que o casamento já era praticado na Grécia Antiga.  Nesta época o casamento era um comum acordo entre ambas as partes, não havendo a formalização como nos dias de hoje. 
E o casamento gay? 
O primeiro registro histórico de um casamento entre homossexuais data do séc. I a.C., quando o então emperador Nero casou-se comum de seus escravos.  Há registros de que esta prática era comum na China durante a dinastia Ming (~ séc. XIV). Existe um registro do ano 1061 que mostra uma cerimônia de casamento que foi realizada em uma capela na Espanha no referido ano. Hoje o casamento gay é proibido em diversos países. O primeiro país a legalizá-lo foi a Holanda, em 2001. Atualmente o casamento gay é permitido nos seguintes países: Argentina, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Islândia, Holanda, Noruega, Portugal, África do Sul, Espanha, Suécia, alguns estados do México e Estados Unidos. No Brasil uniões civis podem ser convertidas em casamentos em alguns estados, e em outros a união é reconhecida, porém não é realizada.

Voltemos ao tópico inicial: a declaração do Papa.
Segundo Bento, o casamento gay é um "ataque à família tradicional, composta por pai, mãe e filhos". Analisemos esta frase sob um ponto de vista antropológico. Os seres humanos, enquanto Homo sapiens, existem há cerca de 200 mil anos, sendo as atuais características comportamentais exibidas nos últimos 50 mil anos. Nestes 50 mil anos os seres humanos evoluiram em muitos aspectos, e neste tempo foi criada a "família tradicional", que não existia antes. Caro leitor: concordarei com o Papa. De fato, o casamento gay é uma afronta à família tradicional antiga, aquela que em que a mulher é submissa e cuida dos afazeres domésticos, o homem é o único provedor da família, as filhas mulheres são criadas para serem negociadas em frívolos casamentos arranjados. Sim, o casamento gay é um ataque a isto, e também à família tradicional moderna, com pai, mãe e filhos (sem o excesso de retrocesso que eu descrevi anteriormente). A pergunta é: e daí? O que um pai pode fazer que uma mãe não pode? O que uma mãe pode fazer que um pai não pode? NADA. O papel dos pais é criar, educar, e ensinar valores, dentre várias outras coisas, e este papel transcede as diferenças físicas entre homens e mulheres. Repito: não há NADA que um pai e uma mãe sejam capazes de ensinar que não possa ser ensinado por dois pais ou duas mães.

Para Bento XVI, sexo e gênero "não mais são um elemento natural que o homem deve aceitar e compreender: é um papel social que nós escolhemos para nós mesmo, enquanto no passado isto nos foi imposto pela sociedade". Obrigado, Sr. Bento. Você fez uma observação, talvez exagerada, reclamando de um problema que não existe, e me poupou alguns minutos, já que não precisarei refutá-la. A sociedade não mais nos define e temos liberdade para fazer nossas próprias escolhas: e daí? Isto não é, de forma alguma um problema, muito pelo contrário.

O Papa disse também que o casamento gay "é contra a natureza humana". E daí? Usar roupas no calor, comer coisas industrialmente processadas e usar energia elétrica também são. Outra coisa antinatural é a castidade dos padres, nem por isto a igreja tomou providências.
Quer falar de natureza, Sr. Papa? A natureza "diz" que devemos obter prazer de todas as formas possíveis. Isto inclui beber, comer e foder. São os prazeres da carne. Se seu deus (que provavelmente não existe) não quisesse que eu tivesse prazer, não teria me dado mãos, boca e, principalmente, um pênis ou vagina.
Realizemos um experimento mental: coloque uma venda nos olhos de um homem, e faça-o fazer sexo anal com alguém que ele não vê. O resultado deste experimento é bem previsível: o homem terá um orgasmo, independente da outra pessoa ser homem ou mulher. Mesmo que depois este sujeito repudie sua ação anterior, seu corpo tomou a decisão por si só. Na minha opinião, isto se chama natureza! O mesmo vale para quaisquer duas pessoas masturbando umas às outras. Nossa natureza é obter prazer! Então, o que há de errado em obter prazer com pessoas do mesmo sexo, Sr. Papa? E principalmente, o que há de errado em obter prazer com quem você ama (veja aquele livrinho no qual você baseia toda sua religião, que diz que devemos amar o próximo, etc, etc, etc)?
E digo mais: a natureza humana é a poligamia e o bissexualismo. A possibilidade de amar qualquer pessoa, de obter prazer com várias pessoas diferentes.... Este é o desejo de muitos que foi socialmente reprimido há muito tempo. Esta é minha humilde opinião e não a baseei em nenhuma experiência. No entanto, sou inexperiente e fui castrado pelos dogmas sociais; meu discurso e minha prática não condizem. Defendo um casamento que provavelmente nunca terei e tenho fantasias sexo-amorosas platônicas que nunca verão a luz do dia.

Acredito que a declaração mais forte do Papa foi que o casamento gay seria "uma ameaça à paz e justiça". Isto não faz o menor sentido. Ameaça à paz mundial é uma instituição como a igreja católica atacar desta forma os grupos de direitos humanos. Uma figura com a expressividade do pontífice deveria pesar suas palavras, já que uma coisa é demonstrar sua posição pessoal e de sua igreja, e outra é fazer o mesmo com requintes de agressividade e intolerância, o que pode incitar fiéis às mesmas práticas. 
Me surpreende ouvir Bento XVI, que participou da Juventude Hitlerista, e serviu no exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial falar algo sobre justiça e paz. Fucking hipócrita! A pergunta que já fiz diversas vezes neste texto é: e daí? Neste caso há consequências. Participar de uma guerra é ser conivente com suas implicações. Direta ou indiretamente o papa participou da guerra e tem as mãos sujas de sangue.

E para encerrar, dentre os principais grupos contra o casamento gay, aborto e outras pautas relacionadas a direitos humanos estão os religiosos. Isto me remete à frase erroneamente atribuída a Voltaire: "O mundo só será livre quando o último rei for enforcado com as tripas do último padre." [A frase é uma adaptação da original de Jean Meslier, ironicamente um padre.]


Para saber mais
- Homossexualidade na Pré-História link 1, link 2, crítica
- O que o papa disse link 1, link 2



Do Calendário Maia e o Fim do Mundo

21 de dezembro de 2012. Cadê o apocalipse?

Neste post vou explicar brevemente a origem da "profecia" do fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012, e o funcionamento do calendário maia.

O calendário maia é uma composição de três diferentes calendários. Um destes calendário é o Tzolk'in, que tem duração de 260 dias, e era largamente utilizado para agendamento de cerimônias religiosas. Neste calendário cada "mês" tem 20 dias e existem 13 "meses", que correspondem ao "ano" (os 260 dias). As razões para tal escolha de período são ainda desconhecidas. Um outro calendário utilizado era o Haab', que durava exatamente 365 dias [Note que o nosso calendário tem duração de 365,25 dias, o que implica na existência de anos bissextos. Existem evidências que indicam que os maias sabiam desta diferença de tempo, mas a ignoraram na construção do calendário]. Este calendário era a base para a agricultura, pois baseava-se na duração do ano solar. No Haab' o ano é dividido em 18 ciclos ("meses"), de 20 dias cada, e mais 5 dias extras. Tanto o Haab' como o Tzolk'in são calendários para contar os meses, mas não os dias. Pode-se definir um evento fornecendo sua data nestes dois calendários. No entanto, a cada 52 anos estes calendários coincidem novamente, dificultando a contagem de longos períodos. Visto isto, existe um calendário para longas contagens de tempo, o calendário de Contagem Longa, supostamente culpado por semear a discórdia e as profecias de fim do mundo.

O calendário de Contagem Longa conta os dias a partir da data da criação, segundo os maias, que seria aproximadamente equivalente à data 11 de agosto de 3114 (antes de Cristo) no nosso calendário (gregoriano). Neste calendário é adotado um sistema vigesimal modificado de contagem dos dias. Os dias são contados de acordo com alguns ciclos, sendo estes:

ciclo
           composição          
número de dias
kin

1
uinal
20 kin
20
tun
18 uinal
360
katun
20 tun
7200
baktun
20 katun
144 000
pictun
20 baktun
2 880 000
calabtun
20 pictun
57 600 000
kinchiltun
20 calabtun
1 152 000 000
alautun
20 kinchiltun
23 040 000 000
 
Desta forma, pode-se representar uma data qualquer como baktun.katun.tun.uinal.kin.

Agora a pergunta é: quem diabos inventou esta história do fim do mundo ocorrer em 21 de dezembro de 2012? 

Para entender a origem da profecia, precisamos entender alguns mitos de criação/destruição segundo os mais. Para eles, 13 baktun (11 de agosto de 3114 a.C. no calendário gregoriano ou 13.0.0.0.0 no calendário de Contagem Longa) marcam a criação dos seres humanos. Segundo o Popol Vuh, uma coletânea de textos sobre mitos maias, os deuses criaram, sem sucesso, três mundos e nós vivemos no quarto. Nestes mundos os deus criaram animais, homens de lama e homens de madeira, mas estas tentativas foram mal-sucedidas, visto que faltava aos homens a comunicação verbal, a alma e o intelecto. Cada um dos mundos anteriores acabou ao final de 13 baktuns (1 872 000 dias). Na nossa época, 13 baktun completar-se-ão em, é 21 de dezembro de 2012. 

Apesar desta data ser largamente aceita, há muitas controvérsias acerca da mesma, e alguns acreditam que 23 ou 24 de dezembro de 2012 (e a criação ocorreu em 13 ou 14 de agosto de 3114 a.C.) seriam as datas mais adequadas. A preferência por 21 de dezembro nas profecias de fim do mundo deve-se ao fato que este é o dia do solstício de inverno no hemisfério norte, tendo esta data, portanto, uma conotação astrológica.

Sem dúvida, 21 de dezembro de 2012 é importante para os maias, e os acadêmicos que estudam a civilização maia divergem sobre qual a real importância da data. Muitos dizem que completar um ciclo é um motivo de grande celebração para os maias, e isto pode indicar grandes mudanças.

Uma curiosa informação é que os maias possuíam contagens maiores que o baktun. Se eles realmente tivessem previsto o fim do mundo com o completar de um ciclo, então não haveriam contagens maiores, como o alautun, que corresponde a aproximadamente 63 milhões de anos (curiosamente acredita-se que os dinossauros foram extintos nesta época). 

Conclusão: o calendário maia não prevê o fim do mundo. 

Para saber mais:




terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sobre a "Lei Carolina Dieckmann" e o Big Brother

Caro leitor,

Ao ler o título você pode pensar que comentarei sobre os bastidores da Rede Globo. No entanto, a Carolina Dieckmann a que me refiro é uma lei, e o Big Brother não é um programa de televisão.

Em sua célebre obra 1984 George Orwell descreve um mundo distópico, com um governo totalitarista, onde os cidadãos são constantemente monitorados pelo Estado através do "Big Brother".  Nesta obra pode-se entender perfeitamente o conceito de transparência: tudo o que o cidadão faz é monitorado, de forma que o Estado consegue controlar todas as ações das pessoas. No entanto, esta transparência é unilateral, pois a população nada sabe sobre este o governo.

Felizmente, nem tudo está perdido e os governos [ainda] não estão monitorando todas as atividades dos cidadãos, e [ainda] estão trazendo ao público algumas informações sobre suas próprias atividades. Nos bastidores da internet está sendo travada uma guerra virtual entre hacktivistas e governos. Os hacktivistas trazem ao público informações confidenciais dos governos, visando a transparências, e os governos utilizam dos desprezíveis recursos aos quais só eles têm acesso (as leis), a fim de rastrear seus inimigos.

E qual a motivação deste post? 
Recentemente foi sancionada a Lei 12.737, ou "Lei Carolina Dieckmann",  para os íntimos.  O apelido deriva da ação de alguns hackers pé-de-chinelo que invadiram o computador da atriz Carolina Dieckmann e postaram fotos dela nua na internet. Eu digo hackers pé-de-chinelo, pois só faltou eles deixarem registros dos números de seus documentos de identidades, pois toda sua ação foi mal executada.

À parte o acontecimento com a atriz, compreendamos agora este projeto de lei, que criminaliza algumas atividades cibernéticas.  Transcrevo parte do artigo segundo abaixo:

O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, fica acrescido dos seguintes arts. 154-A e 154-B:
“Invasão de dispositivo informático
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. 
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. 
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. 
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. 
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: 
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; 
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou 
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.”

E eis aqui minha indignação. Por que a pena é diferenciada para "crimes" contra membros do governo? Aqui deve ser feita uma diferenciação: um prefeito, governador e até mesmo presidente são cidadão comuns. A invasão de seus emails e dispositivos pessoais deveria, logicamente, ser tratada como uma ofensa a qualquer outra pessoa.

E quanto à invasão de suas contas de email e dispositivos "profissionais"?  Agora sim existe uma diferenciação. Comentarei apenas sobre o caso de invasão de dispositivos e contas de email, uma vez que a adulteração e destruição de dados é uma discussão à parte. A obtenção e publicação de informações de membros do poder público não pode ser considerada uma ação criminosa, uma vez que a transparência governamental deveria, a princípio, prevalecer. Não é (ou não deveria ser) crime obter e publicar informações que lhe pertencem,  como é o caso de toda e qualquer informação relacionada às atividades  governamentais.  É (ou deveria ser) um direito do cidadão e um dever do Estado informar a população sobre absolutamente tudo o que ocorre nos bastidores da política. Como isto não é feito, cabe a alguns hacktivistas tomarem a frente e publicarem as informações que permitam aos cidadãos acompanhar as atividades do Governo. A guerra virtual a que me referi anteriormente é em prol da transparência dos governos. É exatamente isto que o site Wikileaks tem feito: publicado informações confidenciais dos governos em prol da transparência.

Esta nova lei criminaliza a ação do hacktivista e, indiretamente, tem várias implicações. A mais impactante delas é a de que quando houver suspeita de crime cibernético, os provedores de internet serão forçados a fornecerem informações sobre seus clientes para que a investigação prossiga e, naturalmente, a privacidade do suspeito será diretamente implicada. Eu desconheço a legislação do Brasil acerca do armazenamento de informações por parte dos provedores de internet, mais precisamente, por quanto tempo os provedores devem manter registros das atividades dos usuários, mas em outros países há um constante monitoramento do tráfego de dados de seus cidadãos e os provedores devem armanezar registros das atividades dos usuários por vários meses, violando um direito básico do ser humano (privacidade), e trazendo à realidade o que Orwell descrevera em caráter ficcional: o Big Brother.

Para saber mais sobre hacktivismo e privacidade na rede acessem




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Bradley Manning indicado ao Prêmio Nobel da Paz?

Poucos já ouviram falar em Bradley Manning, soldado dos Estados Unidos que tem sofrido acusações de ajuda ao inimigo, vazamento de inteligência, roubo de arquivos confidenciais, fraude, dentre outros, que pode passar o resto de sua vida na cadeia. Apesar de poucos terem ouvido falar em Bradley, muitos ouviram falar no vazamento de informações confidenciais, publicadas pelo site Wikileaks.  Estas informações foram supostamente fornecidas por Bradley, que esteve detido em condições precárias (que violam os direitos humanos) por mais de dois anos. Finalmente, no dia 28 de novembro, o "julgamento" de Bradley foi iniciado.

Recentemente um grupo islandês recomendou o nome de Bradley ao comitê do prêmio Nobel, argumentando que ele "contribuiu para o  início de um debate internacional sobre o engagemento dos Estados Unidos em outros países, mortes de civis devido à guerra, manipulações imperialistas...".

 Dentre o material fornecido por Bradley estão mais de 700 mil documentos secretos do governo americano sobre o Iraque e Afeganistão, centenas de milhares de informações diplomáticas, e um vídeo (ver abaixo) , intitulado Collateral Murder, que mostra um helicóptero do exército americano assassinando indiscriminadamente dezenas de civis num subúrbio de Bagdá, Iraque.

Após Barack Obama e a União Européia receberem o Nobel da Paz, resta saber se, finalmente, concederão o prêmio a alguém que de fato o mereça, que lutou pela liberdade de informação, trouxe ao público informações secretas de crimes cometidos pelo governo dos Estados Unidos, e que infelizmente pode ser condenado à prisão perpétua, ou até mesmo à morte.

Conforme bem colocado pelo jornal britânico The Guardian, Bradley Manning "concedeu ao mundo benefícios vitais. No entanto, conforme a corte marcial que o julga se aproxima de tomar uma decisão final, um provável resultado será sua condenação a um longo tempo de prisão,  e seu maior presente será uma janela para a alma política americana".


Quem quiser saber mais sobre Bradley Manning e obter informações para a campanha em prol de sua libertação, visite www.bradleymanning.org/



sábado, 1 de dezembro de 2012

Rachel Sheherazade sobre a frase 'Deus seja louvado' nas cédulas de Real

Espera-se que uma jornalista com sobrenome parecido com o nome de um Pokemon cuspisse fogo pela boca, como seu quase-homônimo, e não merda, como deveras o fez (veja o vídeo abaixo).
Ao ver um vídeo destes eu me pergunto como uma pessoa ignorante como ela alcança uma posição de tamanha expressividade social (apresentadora de jornal).  
Alguém que referencia e apoia José Sarney em um discurso é digno de pena, pois desconhece totalmente a História recente que manchou a reputação do referido político. 
E novamente constato que num país onde a educação está definhando, não se pode esperar muito de ninguém. O deprimente ciclo de ignorância tende a continuar, e pessoas com poder para formar opinião, como esta jornalista, disseminarão a 'engnoranssia' e pregarão a intolerância através da difamação.


E o estado laico prevalece, "só que não"

Não acho esta uma questão muito relevante, mas uma vez que a campanha foi iniciada, não vejo razões para interrompê-la. Que fique bem claro que eu não começo a me coçar quando vejo a frase "Deus  seja louvado" nas notas de Real, e a frase nas cédulas não me incomoda, apesar de eu não gostar da ideia. Apenas creio que esta questão é infíma demais para valer o esforço da mobilização. Tantas questões verdadeiramente relevantes como o aborto, isenção de impostos para igrejas, dentre outras, que requereriam a mobilização da comunidade "laica" são ignoradas, enquanto este mesmo grupo de pessoas se ocupa deste problema secundário 

À parte a relevância da mobilização, demonstro aqui minha indignação com relação à decisão da "Justiça". É CLARAMENTE inconstitucional a existência desta frase nas cédulas monetárias. Eu poderia escrever um texto enorme sobre isto, mas qualquer pessoa consegue perceber que se há a frase "Deus seja louvado", em breve vão querer "Alá seja louvado", "Que a Força esteja com você", "Que o Unicórnio Rosa Invisível seja louvado" ou algo semelhante. Se as pessoas querem manifestar sua religiosidade, que o façam em caráter individual, não social/político/econômico. 

Não me surpreendo ao perceber uma correlação entre um país com o poder público "religiosizado" e uma das piores educações do mundo. 
















Veja a notícia em: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6344819-EI306,00-Justica+mantem+frase+Deus+seja+louvado+nas+notas+de+real.html

O dia em que eu queria ter assistido ao Jornal Nacional


Simplesmente sensacional!
O memorável dia em que a Globo foi obrigada a se retratar publicamente.

SOBRE A QUESTÃO DA PRIVACIDADE NO FACEBOOK



Nos últimos dois dias vi vários posts sobre como melhorar sua privacidade no Facebook. O texto padrão começa da seguinte forma: "A todos meus contatos, peço uma gentileza: Com as mudanças do Face, agora todos ficam sabendo de coisas de gente que nem estão nos nossos contatos, só porque um contato faz um comentário ou 'curte' algo de alguém (…)".

Não pretendo julgar aqui as ingênuas pessoas que acreditam em tudo o que leem. Vou apenas expor algumas ideias contraditórias e explicar o porquê deste comentário ser FALSO.

Acredito que esta ideia tenha sido difundida após o Fantástico do último domingo. Acho que para qualquer pessoa que tenha um mínimo de senso crítico, isto já seria motivos de suspeitas.
Independentemente do meio de comunicação que veicula uma informação, recomendo que sempre seja verificada a veracidade da mesma, visto que toda e qualquer informação obtida indiretamente será parcial. Apesar disto, neste caso, eu diria que o Fantástico apenas alertou os usuários para o perigo de expor informações pessoais no Facebook.

Não existe privacidade no Facebook. A empresa do Sr. Zuckerberg sobrevive às custas da venda de informações pessoais dos seus usuários. Ou você é ingênuo o bastante para acreditar que uma empresa desta dimensão oferece um serviço (no caso, uma rede social) sem receber nada em troca? Sua privacidade foi "perdida" no momento em que você clicou "Eu li e aceito os Termos de Compromisso", durante a criação do perfil.

Analisemos agora o conteúdo do comentário.
Quando um amigo curte ou comenta em um de seus posts, isto só estará visível para terceiros se o seu post for público. A visibilidade do post é definida no momento da postagem, basta clicar ao lado do botão de postar, e selecionar entre 'público', 'amigos', etc. O mesmo vale para fotos. Os amigos de seus amigos só conseguirão ver seus posts (e fotos) se você deixá-los visíveis a eles. Se você simplesmente restringir o post ao seu grupo de amigos, ninguém mais verá o que você publicou, mesmo que seu amigo curta ou comente. Naturalmente, se a conta de um de seus amigos no Facebook for comprometida por um hacker, este último terá acesso ao mesmo conteúdo que seu amigo teria.
Quanto a posts diretamente no mural de seu amigo, em alguns casos você não tem controle sobre a visibilidade do post, sendo o referido amigo o responsável por isto. Neste caso, se não quer que ninguém veja seu post, envie uma mensagem diretamente a esta pessoa.

Quanto à sugestão do comentário, esta não me parece nem sequer coerente. Se você fizer como o sugerido ("(…) posicione o mouse sobre a minha foto (sem clicar). Espere até aparecer uma janela e posicione o mouse sobre o ícone "Amigos" (também sem clicar), depois desça até "Configurações" e aí sim clique. Vai aparecer uma lista: clique em "Comentários e opções Curtir" desmarcar esta opção(…) "), eu acredito que você esteja apenas deixando de ver os comentários e as coisas que seu amigo curtiu, não tendo isto nenhuma relação com a visibilidade de suas próprias atividades no Facebook para terceiros.

Conclusões:
1. Antes de difundir uma informação, qualquer que seja ela, verifique a veracidade da mesma segundo diversas fontes.
2. Se quer privacidade total, não tenha um perfil no Facebook.
3. O Facebook está disponível em muitos idiomas. Alguma destes você deve dominar. Como os botões, menus e opções têm nomes intuitivos, pense no que você está fazendo, se isto realmente tem algum sentido. Se você fizesse isto você entenderia que a sugestão deste famoso comentário não resolve a questão da privacidade.

Reativação do blog

Após o advento do Facebook comecei a postar todas os meus "textos" lá. Como o Facebook um dia poderá ser substituído por outra rede social, como o foi o Orkut, decidi reativar este blog para concentrar todos os textos em um só lugar.
Copiei minhas últimas postagens do Facebook para cá. Portanto, alguns de vocês talvez já tenham lido o que escrevi. Escreverei novos textos em breve.
Espero que gostem!