quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Sobre a reportagem de capa da The Economist: "Brazil's Fall"

Lendo o texto com cuidado podemos perceber que apesar do autor do artigo culpar o governo pelo agravamento da crise, o governo tem agido de forma "correta" em alguns aspectos. Veja abaixo alguns trechos comentados do artigo.


1) "Brazil’s suffering, like that of other emerging economies, stems partly from the fall in global commodity prices."
Isto indica que a principal consequência da crise no Brasil é a crise global devido à queda das commodities. Por outro lado:
"But Ms Rousseff and her left-wing Workers’ Party (PT) have made a bad situation much worse."
O governo piorou um cenário que já era ruim.

2) "Brazil therefore has little choice but to raise taxes and cut spending."
Apesar de tudo, aumentar impostos e diminuir gastos é a solução óbvia, segundo o autor do texto. Isto é o que tem sido feito.

3) Há um otimismo em relação ao novo ministro Nelso Barbosa, conforme indicado neste trecho: "Nelson Barbosa may be able to accomplish more as finance minister".

4) "One early test will be whether Mr Barbosa persuades a recalcitrant Congress to reinstate an unpopular financial-transactions tax."
Querem trazer a CPMF de volta - e o autor do artigo concorda. A população vai reclamar, mesmo sem saber  porquê.

5) "To reform work and pensions, Ms Rousseff must face up to problems that have been decades in the making. Some 90% of public spending is protected from cuts, partly by the constitution which, in 1988, celebrated the end of military rule by enshrining generous job protection and state benefits. Because it is so hard to reform, Brazil’s public sector rivals European welfare states for size but emerging ones for inefficiency. Long a drain on economic vitality, Brazil’s overbearing state is now a chief cause of the fiscal crisis."
As políticas assistencialistas e trabalhistas, dentre outras, tornam a vida de todos mais confortável, mas representma um enorme rombo nos cofres públicos devido à sua ineficiência. Reformas são necessárias, mas o povo não vai gostar.

6) "It is therefore hard, despite Mr Barbosa’s advantages, to feel optimistic about the prospects for deep reform. Voters hold politicians in contempt. The opposition is bent on impeaching Ms Rousseff, a misguided battle that could dominate the political agenda for months. The PT has no appetite for austerity. Achieving the three-fifths support in both houses of Congress needed for constitutional reforms will be a tall order."
O autor do artigo aponta que o governo não quer cortar gastos, o processo de impeachment está desgastando o governo, e enquanto isto não há perspectivas para melhoras da economia.

CONCLUSÕES

- O governo é parcialmente culpado pela crise pois sua maneira amadora de lidar com a mesma causou seu agravamento.
- Medidas radicais como a volta da CPMF, reforma da previdência e revisão das políticas de assistência social são necessárias para não reverter os avanços sociais da última década.
- O impeachment não é solução e está mais atrapalhando do que ajudando.
- As sugestões do autor do artigo provavelmente não serão completamente colocadas em prática e o governo provavelmente vai tentar evitar políticas de austeridade fiscal. 
- Soluções que atendem aos interesses e necessidades da população e não do capital são necessárias. Talvez seja melhor ignorar algumas das sugestões do autor.