quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sobre o comunismo, o PT, o BraZil e meu ódio por algumas pessoas

Cada vez que eu vejo as pessoas falando que a "Dilma e o PT" querem implantar o comunismo no Brasil, me dá um desespero. Ainda mais quando vejo petições "da Casa Branca" para evitar que o Brasil se transforme num país comunista. Eu odeio gente burra! E não estou falando de burrice no sentido "acadêmico" da palavra. Estou falando das pessoas que se dizem intelectuais, mas desconhecem o real significado do comunismo. Pessoas que se dizem estudadas porque fizeram uma graduação ou um mestrado qualquer (muitas vezes em universidades públicas criadas durante o governo que tanto criticam) e falam em meritocracia, se esquecendo que para ter mérito é preciso primeiro ter condições para demonstra-lo. Pessoas que se acham superiores por terem condições de viajar para este ou aquele lugar, comprar um carro novo, mas desconhecem as competências de cada instância governamental, culpando o PT (sim, um partido) pela falta de água em um estado que não é governado por ele (São Paulo). Por estas pessoas só tenho meu mais profundo sentimento de desprezo. Vocês são muito burros, e não estou falando de ignorância por desconhecer uma coisa ou outra. Estou falando de burrice por não enxergarem o que está ao seu redor. 

Este é o mesmo tipo de pessoa que demonstra "nordestinofobia", um preconceito sem embasamento contra nordestinos. Muitos colegas nordestinos eram muito melhores do que eu em tudo - tiravam notas mais altas, eram mais inteligentes, conseguiam oportunidades que eu não conseguia. Então eu acho que eu deveria ser um nordestinofóbico, mas não sou. Aliás, na minha opinião existe muito potencial no povo nordestino, potencial este que ainda não está sendo explorado por diversas razões. Estes mesmo nordestinos contra quem estas pessoas têm preconceito são frequentemente pessoas e profissionais muito melhores que elas, e que graças a alguém que lhes estendeu a mão, aproveitaram as oportunidades e hoje são bem sucedidos em suas vidas.

Dentre estas pessoas existem os que falam só sobre o Bolsa Família (e congêneres) e acham que "falar de política" se resume a criticar o único programa do governo que eles conhecem. Eles dizem não concordar pois conhecem Fulano que não deveria receber, mas recebe. Sobre isto eu só digo uma coisa: que 99% do dinheiro seja desperdiçado com pessoas que não precisam, desde que 1% das pessoas melhorem de vida e saiam de uma situação de miséria, o programa é válido (apesar de precisar de melhor fiscalização).

É claro que vocês podem ficar insatisfeitos com o resultado das eleições, mas tomem cuidado para não falar asneiras. Não estou aqui para defender Dilma ou Aécio, e sim para atacar verbalmente o tipo de pessoa acima mencionado. 

Aos que estão compartilhando este link,  uma petição criada por um indivíduo qualquer no excelente sistema de petições da Casa Branca,  prestem atenção na merda que estão fazendo. Primeiro: não é a Casa Branca que está promovendo isto, é um indivíduo através do site dela. Então parem de fazer propaganda falsa. Segundo: a menos que vocês tenham provas que houve fraude no sistema eleitoral (eu reconheço que pode ter acontecido), e esta fraude em larga escala seja capaz de explicar a  diferença de votos (3 milhões), então fiquem quietos e saibam perder. Façamos uma estimativa simples: número de eleitores por seção (1 seção = 1 urna), e o número de urnas que precisariam ser adulteradas para somar 3 milhões de votos! Naturalmente, não espero que estas pessoas sejam capazes de fazer esta conta.

Eu sou anarquista por ideologia e social democrata por pragmatismo. Apesar do meu posicionamento social democrata, votei na Dilma e não no Aécio pois o PSDB está longe do SD de sua sigla, assim como também o PT está longe de sua ideologia. Eu acho o discurso de muita gente lindo, falando de bolsa de valores caindo, taxa de juros, inflação - verdadeiros doutores em economia - que estufam o peito para propor a separação do país sem nem ao menos conseguir fazer um simples cálculo percentual que apontará que a Dilma obteve mais votos no Sudeste e Sul do que no Norte e Nordeste.  Também acho lindo o discurso de vocês de meritocracia, e eu até concordo! Só não acho lindo sua ignorância ao não entenderem o que é meritocracia, e como as condições iniciais devem ser iguais. Vocês realmente acreditam que uma pessoa que caminha duas horas para ir estudar, com fome, e que depois trabalha o resto dia, está nas mesmas condições de alguém que só estuda, não passa fome, tem acesso a uma boa educação, etc? É como querer que dois corredores, um com um excelente tênis e outro descalço, corram sobre o asfalto quente, e esperar que o melhor vença. Não faz sentido!

Tem também o tipo de pessoa que eu chamo de pescador esportivo, com a frase pronta "tem que ensinar a pescar, e não dar o peixe". Os pescadores esportivos não entendem que uma pessoa sem uma vara de pesca e longe de um rio não conseguirá pescar. É preciso dar-lhe no mínimo uma vara e mostra-la onde está o rio.

Outro tipo de pessoa é o "viajado", aquele que conheceu este e aquele lugar, e que sempre cita a Europa como exemplo. Na Europa muitas coisas são, de fato, melhores. Há menos desigualdade social, melhor segurança, etc. A grosso modo, um faxineiro e um engenheiro são vizinhos no mesmo andar de um prédio, e têm condições de pagar o mesmo aluguel. Na Alemanha, por exemplo, o governo está frequentemente interferindo na economia (não é atoa que foi o país da Europa que melhor sobreviveu à crise de alguns anos atrás). Ora, mas interferência do governo na economia não é uma prática pouco liberal, e o oposto de liberalismo não é o comunismo? Se você pensa isto e "deu certo na vida", a meritocracia falhou, pois alguém tão burro para pensar assim após anos de estudo não merece sequer ter tido uma vaga em uma universidade.

Eu falei sobre os vários tipos de pessoas que existem, e apontei as razões pelas quais eu as considero burras. Eu não suporto pessoas que não aceitam a derrota, e que ainda por cima disseminam a desinformação (devem ler a Veja).

Se você tem o perfil que eu descrevi acima, eu não gosto de você e não quero ser seu amigo. Sugiro que você vá para os EUA, a terra das oportunidades. Lave uns pratos, demonstre seu mérito, e espere o dia em que você ficará bilionário (a) - afinal, é só seu esforço que conta.